Análise da intervenção baseada nos conceitos de Hertzberg
Tendo em vista os principais
conceitos discutidos por Hertzberger no livro “Lições de Arquitetura” foi realizado
um comparativo entre sua abordagem e as características observadas no
refeitório da Casa da Glória em Diamantina-MG, identificando assim, como as
intervenções realizadas no espaço, dialogam com estas análises.
O
autor inicia seu livro definido o privado e o público como qualidades
gradativas de um espaço, e portanto termos relativos, sendo que um pode se
tornar outro à medida que o espaço é apropriado pelos usuários.
Seguindo na lógica das qualidades
do espaço, os acessos são apontados como formas eficientes de demarcação, isto
ocorre por meio de convenções amplamente aceitas. Dentro refeitório, a
percepção de público e privado é moldado pela abertura ou fechamento das
janelas do local, quando abertas, dão a impressão de um espaço amplo e continuo,
com alta exposição, no entanto ao estarem fechadas apenas se configura como um
galpão vazio, este ponto foi amplamente utilizado na intervenção, na qual,
buscou-se reforçar a integração do ambiente exterior com o interior a partir da
articulação de mesas na beira da janela em ambos os lados de uma das paredes.
Os mecanismos transitórios são
denominados pelo autor como intervalos, e realizam a conexão entre as
diferentes demarcações de territórios. No refeitório estes mecanismo são
evidenciados no corredor em frente as portas, espaço largo que não é utilizado
em toda a sua extensão, sendo ocupado apenas na região da primeira porta, se
mantendo vazio em toda a sua extensão, deste modo, a intervenção propõe a
permanência no corredor com o alargamento do muro de modo a viabilizar o
descanso e a permanência naquela região.
No fim da primeira parte do livro
é explicitado que o domínio inteiramente público e privado é destinado apenas
ao âmbito administrativo, exemplificando, como um espaço privado pode ser visto
como um espaço público interiorizado à medida que a intermediação entre ambos é
promovida pelas estruturas arquitetônica, que paralelamente dialogam com as
janelas grandes do refeitório, e reafirmam a impressão obtida no ambiente.
Outros conceitos observados são
os de Polivalência, Flexibilidade e Funcionalidade. No qual por meio de mesas
em módulos ocorre a possibilidade de mudança na configuração espacial, mantendo
assim, a estruturação básica de um refeitório, com mesas e cadeiras, porém, deixando
em aberto para a exploração de outras funcionalidades a partir do seu rearranjo.
A intervenção busca por fim, viabilizar o encaixe do espaço no conceito de polivalência com a promoção de diversas formas de usos sem a necessidade de modificações profundas, propondo que o espaço
pudesse ser também utilizado com área de lazer e não somente como um local de
refeição para hospedes. Tornando as estruturas mais convidativas, a fim de
estimular a interação social, uma vez que seu atual uso não proporciona um
atrativo de permanência no local, sendo vinculado apenas à alimentação. Desse
modo foram planejados o redimensionamento do muro para que seja possível
sentar-se de maneira mais confortável, visto que esta ação já ocorria;
implantação de redes, para o descanso; abertura de uma porta em um dos lados,
para dinamizar e promover maior fluxo; redimensionamento da cozinha, com o
intuito de criar um novo compartimento anterior para o manuseio de alimentos dos
hospedes; e integração de mesas com o lado exterior, local que também poderia
funcionar em conjunto com o teatro durante eventos.
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